quinta-feira, 7 de agosto de 2014

queimadas

sou solo fecundo para famintas raízes
brotaram-me à face com avidez de seca
tateando, dedilhando cada rota de meu olhar
tal que hoje só vejo um emaranhado de sombras

se suspiro, folhas secas me abafam a voz
se lágrimas derramo, crescem com mais vigor
meus murmúrios são os ecos duma floresta
onde me perdi um dia sem sair do lugar

ansiei duma fogueira seu crepitar caloroso
queimando a mim mesmo, quem sabe desgarram?
mas hoje respiro cinzas, tenho a face cinza
e das cinzas das raízes brotam fundas cicatrizes

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