quinta-feira, 30 de maio de 2013

teus olhos fedem

teus olhos fedem
fingem-se mortos, opacos
sem brilho de lágrimas
semi-cerrados qual punho
impondo-se aos outros
pelo gesto

teus olhos ferem
ferem aos meus
ferem aos deles
são feras carniceiras
implorando sobras
para alimentar
tua cegueira

teus olhos fedem

tao

todas as portas são abertas
todas as curvas são retas
todos os obstáculos
meros oráculos
ao homem que sozinho
conhece o caminho

domingo, 26 de maio de 2013

sola de sapato em flor
essa visão me assola
desolada em sua dor
o solo rude a consola

piso na flor. ai!
as pétalas do asfalto
não desgrudam mais

cortesã

enfeita-se de orvalho
traz à boca rimas de hortelã
verte cores pelas curvas de seda
e na hipnose das pantomimas
tantas são que miseravelmente falho
ex-algoz a implorar-te que me ceda
o prazer de tua leitura
hoje pura, ontem vã

da cegueira

alguns se contentam em apenas ser gado
e cegos seguirem um pastor pelos prados
que afasta os perigos e lhes cuida o couro
para ter bom lucro lá no abatedouro

a outros basta voar livre pelos ares
e não ser abater se não encontrar seus pares
pois abatido já será pelo dia
ou na cegueira noturna e luzidia

pois quando na escuridão, queremos luz
e qualquer penumbra à sombras seduz
que nos contentamos com jogos de sombras
e a verdadeira luz nos cega e assombra

enxergamos apenas o que queremos
não cremos no corpo cremado que vemos