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o frio fio
de prata ascende esguio.
olhos apaga
.
morrerei de inanição
tenho a boca bem cerrada
pois são serras, dentes são
e as palavras serram erradas
e as palavras encerradas
vão pro peito, onde perdura
dura pena, encarceradas
sem um leito ou leitura
sem um leito, na lei dura
do deserto soterrada
minha boca, bem sei, fura
terra e rio certo errada
.
faz tempo
linha a linha
dentro e fora
sua mais antiga
pois infinda
obra, que ora
definha, ora
a devora
faz tempo
que parte faço
num papel à parte
em meio à face
desse calhamaço
onde se alinha
hora a hora
a vida à arte
faz tempo
obra sem fim
sem começo
e sentido meço
sobre dobras
e rugas as runas
e se desdobra
a parte de mim
.