embaixo de sua batina
mil lamúrias foram ouvidas
mas algumas das mentiras
entram em saias, comovidas
quarta-feira, 30 de julho de 2014
sabatina de dilma
carnificina
a matança continua...
ser humano é ser um porco
condenado à fartura
de razão para ser morto
terça-feira, 29 de julho de 2014
nossa morta acende
aqui nos reunimos, lenço à mão
com vozes embargadas, feições duras
na chuva que acompanha as sepulturas
de toda relação, quer viva ou não
de nossa, que dizer? foi nosso chão
polido com suor, onde perdura
apesar de nosso esforço, mancha escura
raiz de nossos males desde então
andava muito pálida e soturna
no céu, o lago azul já não lhe prende:
voando qual barquinho, as nuvens fura
pois sempre o horizonte está à frente
e assim também a vida continua.
num barco à vela, nossa morta ascende
* o título e mote do soneto foi inspirado num título de um poeteiro de meia tigela de amor: "Nosso Amor Transcende"
domingo, 27 de julho de 2014
aquarela
busco aquela qualidade indefinida
que se encontra nas melhores aquarelas
onde arde a luz solar e te convidas
a viagem matinal por barco a vela
e transporta além do espaço onde se abriga
solo fértil para manchas e procelas
em torrentes derramando-se aguerridas
à mão firme que pincela sobre a tela
não está no enquadramento ou nas cores
nem tampouco em seu traçado ou naquela
paisagem sempre em mente aonde fores
é a cria dos teus óleos em m'ia pena
a tornar uma moldura uma janela
onde enfim tu me encontras e me acenas
quinta-feira, 24 de julho de 2014
quarta-feira, 23 de julho de 2014
.
os dias da velhice são infinitos
são sempre a mesma coisa indefinida
retalhos de memórias d'outra vida
bailando em frente a olhos que não fito
adia toda espera, todo grito
conforta toda dor imerecida
saber que tudo passa, na saída
por ponto em horizonte tão bonito
o mundo gira, gira e continua
pessoas vão e vêm e vivem vãs
bebês têm mesmo céu que suas mães
qual céu, que, indistinto e todo azul
a vista toda abarca, norte a sul
o velho, qual bebê, vê a vida nua
.
sábado, 19 de julho de 2014
sexta-feira, 18 de julho de 2014
quarta-feira, 16 de julho de 2014
quinta-feira, 3 de julho de 2014
branco
.
cabem incontáveis pontos numa folha em branco
incontáveis linhas entre esses pontos
incontáveis tramas
incontáveis contos
tantos risos, dramas e prantos cabem
de ponta a ponta tanto personagem
que só no rodapé é que se nota:
cabe todo delírio, por mais selvagem
exceto o branco que o papel denota
.