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um dia a mais, um dia a menos
rodando a roda, em sua rota
pés animais, todos corremos
e au aucançá-la, um lírio brota
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um dia a mais, um dia a menos
rodando a roda, em sua rota
pés animais, todos corremos
e au aucançá-la, um lírio brota
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encarcerados, multicelulares
seres humanos pendem, cabisbaixos
por fio tenso: o abismo lá debaixo
não causa espanto ou trocas oculares
na pequenez da cela, tão distantes
pelas janelas, longe de seus lares
escutam ao mundo, mudos, singulares
a lhes chamar plurais, mas como dantes
fazem-se surdos. cegos, ignorantes
crendo-se reis, prostrados. por pesares?
não, pelo próprio umbigo, indigesto
no microscópio, seres celulares
levam no elevador. cabeça abaixo
num cumprimento: somos nossos gestos
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deita-se à sombra
de densos desdizeres
como quem diz:
de tua foz
seca e amarga
por seixos me deixo
rolar para bem além
de teu tortuoso
burburinho
e impulso pega
pois a correnteza
veloz com seu vai e vem
tal como o gozo
uma hora, via de regra
finda-se, com certeza
e é abrupto
o choque insensato
um inglório cessar-fogo
no palavrório corrupto
quando já sem fôlego
cala-se frente ao fato:
o mar, tão fundo e vasto
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moeda
no chão
achada
é sorriso
em boca sem siso
desdentada
cheia de pão
inflação
desmesurada
despudorada
após agachada
cobre onde piso
pela calçada
da menos nobre
cor de cobre
merda
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