quarta-feira, 17 de abril de 2013

o que que




quando morrem as palavras na garganta
não recebem funeral
nem ganham vida eterna



o circo prossegue o espetáculo
o palhaço-equilibrista-mágico sorri enigmático
em meio ao duplo mortal vira pombo e voa



ontem o sol sorria
hoje chove
amanhã não importa



nas ruas os passos mal se olham
pisam com convicção sobre velhas trilhas
e quando param e vislumbram a sua, está apagada



que dirá a janela ao pôr-do-sol?
não se despede, pois sabe de sua rotina
mas range e trinca o dente



e toda essa cerca em volta dos campos
não é senão uma tosse de gargante irritada
e as ovelhas conhecem atalhos pra se perder



declarei minha alma em meu imposto de renda
bem inalienável e imóvel
aguardo uma pequena devolução



Um comentário:

Karinna* disse...

*Tua escrita para mim tem toques de genialidade, pois comporta uma infinidade de sensações, sentimentos, pensamentos...uma viagem cerebral, contudo plena de emoção. Beijos